sebastião salgado |
Tu Leitor
Tu leitor pulsante de vida e orgulho e amor como eu,
Por isso pra ti os cantos que seguem.
Thou Reader
Thou reader throbbest life and pride and love the same as I,
Therefore for thee the following chants.
Você, Leitor
Você, leitor, que pulsa
de vida e orgulho e amor,
assim como eu:
para você, por isso,
os cantos que aqui seguem!
[José Paulo Paes]
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O Eu d' Alguém Eu Canto
O eu d' alguém eu canto, simples pessoa separada,
Inda dita a palavra Democrático, dito Em Massa.
Da fisiologia da cabeça aos pés eu canto,
Não só fisiognomonia nem só cérebro tem valor pra Musa, eu digo
que a Forma completa é de longe melhor,
A Fêmea tal qual o Macho eu canto.
Da Vida imensa em paixão, pulso e poder,
Alegre, à mais livre ação formada sob as leis divinas,
O Homem Moderno eu canto.
One's-Self I Sing
One's-self I sing, a simple separate person,
Yet utter the word Democratic, the word En-Masse.
Of physiology from top to toe I sing,
Not physiognomy alone nor brain alone is worthy for the Muse, I say
the Form complete is worthier far,
The Female equally with the Male I sing.
Of Life immense in passion, pulse, and power,
Cheerful, for freest action form'd under the laws divine,
The Modern Man I sing.
O próprio ser eu canto
O próprio ser eu canto:
Canto a pessoa em si, em separado
— embora use a palavra Democracia
e a expressão Massa.
Eu canto o Corpo
Da cabeça aos pés:
Nem só o cérebro
Nem só a fisionomia
Tem valor para a Musa
— digo que a forma completa
é muito mais valiosa,
e tanto a Fêmea quanto o Macho
eu canto.
A vida plena de paixão,
Força e pulsam,
Preparada para as acções mais livres
Com suas leis divinas
— O Homem Moderno
eu canto.
[t/d]
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Essa Sombra Minha Semelhante
Essa sombra minha semelhante que vai e vem procurando um sustento,
papeando, pechinchando,
Quantas vezes me vejo parado e olhando aonde ela voa,
Quantas vezes questiono e duvido qual dos dois é realmente eu;
Mas misturado aos meus amantes e ao cantar destas canções,
Ah, nunca duvido qual dos dois é realmente eu.
That Shadow my Likeness
That shadow my likeness that goes to and fro seeking a livelihood,
chattering, chaffering,
How often I find myself standing and looking at it where it flits,
How often I question and doubt whether that is really me;
But among my lovers and caroling these songs,
O I never doubt whether that is really me.
A sombra imagem minha
A sombra imagem minha
que para cá e para lá
vai procurando um jeito de viver
através da conversa, da barganha
- quantas vezes eu dou por mim parado
a ver por onde ela passa,
quantas vezes indago e ponho em dúvida
que aquilo seja realmente eu;
mas entre os meus amantes
e no cantarolar destas canções,
ah, eu não duvido jamais
que aquilo seja realmente eu.
[t/d]
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A Ele Eu Canto
A ele eu canto,
Ergo o presente sobre o passado,
(Qual árvore perene fora das raízes, o presente no passado)
Com tempo e espaço eu o dilato e derreto as leis imortais,
Pra fazê-lo por eles a lei até ele mesmo.
For Him I Sing
For him I sing,
I raise the present on the past,
(As some perennial tree out of its roots, the present on the past,)
With time and space I him dilate and fuse the immortal laws,
To make himself by them the law unto himself.
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A um Historiador
Você que celebra as coisas passadas,
Que tem explorado o lado de fora, as superfícies das raças, a vida
que se revela a si mesma,
Que tem tratado do homem como a criatura de políticos, agregados
líderes e sacerdotes,
Eu, habitante dos Alleghanies, tratando dele tal qual é em si mesmo
em seus próprios direitos,
Espremendo o pulso da vida que raro se revela a si mesma
(o grande orgulho do homem por si mesmo),
Cantor da Personalidade, esboçando o que é inda por ser,
Eu, sim, projeto a história do futuro.
To a Historian
You who celebrate bygones,
Who have explored the outward, the surfaces of the races, the life
that has exhibited itself,
Who have treated of man as the creature of politics, aggregates,
rulers and priests,
I, habitan of the Alleghanies, treating of him as he is in himself
in his own rights,
Pressing the pulse of the life that has seldom exhibited itself,
(the great pride of man in himself,)
Chanter of Personality, outlining what is yet to be,
I project the history of the future.
A um Historiador
Você, que fala de coisas passadas,
tem explorado só o lado de fora,
as superfícies das raças,
a vida como ela se deixa ver,
tratando o ser humano
como uma criatura de políticos,
agregados, governantes e sacerdotes...
Eu, habitante dos Alleghanies,
tratando-o como ele de fato é
em seus plenos direitos,
tomando o pulso da vida
que raramente se deixa entrever
(o grande orgulho do homem consigo mesmo):
cantor da Personalidade, rascunhando
o que ainda está por vir
- o que eu projeto é a história do futuro.
[José Paulo Paes]
Os poemas anteriores foram retirados do livro "Leaves of Grass" de Walt Whitman e aparecem aqui em ordem diversa do original. Usei o texto estabelecido pelo Projeto Gutenberg [aqui].
Usei algumas traduções de referência encontradas na web. As que contém "t/d" são de autoria desconhecida, mas mesmo as que se diz da autoria de Paes tem a sua integridade duvidosa, visto que grande parte dos copistas da web não tem a minúcia escrupulosa de revisar o texto copiado; mas este não é um problema somente destes escribas da web, não só a internet mas toda a vida é um palimpsesto que atrai os sacis pra fora da mata só pra bagunçarem as letras...
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Muito bom. O teu comentario e o teu trabalho com/sobre/dentro de Whitman me inspiraram um verso.
ResponderExcluirCoisa curiosa- saiu em ingles!
Da uma olhada.
Aceitas o desafio de traduzi-lo?
Alea jacta est.
L.S.
Muito bom!
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