25.3.12

frio

Roland Flexner


gela o frio sobre a terra
e desce envolto em névoa
do tempo que escurece
o espaço e a sorte tece

à mortalha o meu corpo
terrivelmente constrito
que do fim volta absorto
paralítica mente em detrito

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24.3.12

pitonisa

José Mertz

ave! leveva en volta seda por minhas ervas asas arrasadas e emulheradas vou à senda ambidestrela de dedos carregada e mãos por meu corpo algodoal só de incensosatos terremores frementes como a pítia pita pelos poros velhavidente virulenta lambe bem das mãos as gotas quedas da minha cabeça de xícara pra ser eu também o dia de ser a trilha que me ilha o olho na forja de fogo que lá embaixo há eu rogo e eu fogozo e eu louca e eu morta e eu portentrada de estandarte escorre fole nas minhas coxas macias alvas coxas an meinem schlüpfer der schlupfwinkel meiner schluss zu einem schlüssel e eu raio e eu vaio e eu caio e eu saio de mim sem ser suposto silêncio só sem cio ciciante e sibilando silentes sem as ser ah o horror rói roto as rotas das coxas enxertando venenos de sonho em minha pele por onde olhos são pele e olfato é fogo feito oferta e pá aos lodaçais de suor salinado que quente envolvo : vulva e úvula ululam meus poucos poros erigindo as florestas flores e fresta pra festa desta cesta que minha nesga rela alongando em multimúltiplos ais das serpentinas carnavalizando minha sorte envenenusando minha morte de amor mor que vai e mói meu sono indício de abandono e abono de ser só sempre amada e expurgada de mim nessa seda almofada bordada de dragões e furacões…
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17.3.12

Sempre Sendo

collaborative art of cara thayer & louie van patten  


Eu não sou nada.
Exceto o estar sendo,
que só por intento
de mero nada ser,
nem mais é nem o nada,
já que ser não ser
já é ser ser sem nunca.

Não que seja não,
nem que não seja ser,
mas o ser sendo sendo ser,
alguma essência sem ser,
só o que é por alguma coisa,
é pois não ser nada sendo.

15.3.12

de.fe(c)t(i)o

collaborative art of cara thayer & louie van patten 


o céu de porcelana nos entaça
sobre nós o escuro não,nada
aqui;boiamos no mar marasmo
mar contido mar nossa idolatrina
de vai-vém circular que o colo anima

e nestas águas antes claras     pingam
os continentes contidos nestas águas
feitas turvas por que estas ilhas des-
fazem-se tinta borra que o céu elimina
ilhotas náufragas  ,  atlândidas qu’ habito

defluem confluxas no influxo cristalino
que de metade do nada,céu ainda,chiam
a chuva hora ouro ora alpina  ,  guilhotina
líquida que inevitável desata a terra
rede moinho que a nós todos escoa

>>columnéticas