18.11.11

e.e. cummings (iv): "un(bee)mo"

Hieronymus Bosch [detalhe de 'O Jardim das Delícias']


[a]

ina(belha)mo

v(em)el
é(est
a)você(ú
nica)

dorm(rosa)ente


[b]

i(zzzz)mo

ve
l(em)mente
é(est
a)você(ú
nica)

dorm(rosa)ente

13.11.11

o rumo de hume à mina da falsidade ideológica


Cartier-Bresson



             bruta                                   
a natureza
brota
a nata  
bruta


não nota     no ato     brota nata


na face      o fato
feito
sempre um calo

o fato da face um ato
feixe
facho de fibras

emplastro

com o qual o qual é o mesmo
quale altrem quærit
qualidade do qual é

9.11.11

Limpo Limbo

M.C. Escher


quanto em quadro branco tem
tudo e todo canto aqui
visto vago e livre além
da tela em queda? perdi

o muro qu’ é manto imundo
mura o mundo pela crista
e a mesma lupa que dista
a mente! o é em plena culpa

astrolábios salivantes
se alimentam da distância
pois não são senão o antes
que tanto enche essa pança

3.11.11

Monte desMonte




monto o monte
e o cavalgo
montando
pedra a pedra
o horizonte

monto o monte
cadafalso
de ver dada
essa espera
sem ser ponte 



pois bem do monte
mesmo enforcado
me esgueiro e estico
ao horizonte

se não o alcanço
Dave McKean
algo me canso
e sinto o chão
bem rente à fronte

mas vejo abaixo
desfiladeiro
em filamentos
a mente inteira

mais bem à altura
possível ponte
nada trespassa
eu sou o monte

mal rente à rocha
eu sou um monte
e afundo em falso
profunda fonte

meu coração
bruto deflora
as flores mortas
o grão (des)monte




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1.11.11

O Parricida

Dave McKean



sonhei que sonhava
um sonho d’ espada
inteiro revés
por sobre mim pousava
a imagem aos pés
meu pai que comia
a inteira aérea via
duma borboleta
laranjado-violeta
pra se me vomitar
inteiro em meus pés
eu-próprio revés
por matá-lo após
c’ um golpe d’ espada
o assassino atroz
do sonho que sonhava






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