31.7.11

Yago Hortal


silêncio da madrugada
sem vento as folhas falam
nhac      cracks     crunch
a noite            mastiga
  me                        a dia

26.7.11

Allen Ginsberg (I): entre sapos, flores e mosquitos: haikubeat

Allen Ginsberg


Um sapo bóia
num jarro de farmácia:
chuva de verão nas calçadas cinzas.
A frog floating
in a drugstore jar:
summer rain on grey pavements.

Lendo haiku
eu sou infeliz,
saudade do Sem Nome.
Reading haiku
I am unhappy,
longing for the Nameless.

Olhando por cima do ombro:
minhas costas cobertas
de cereja em flor.
Looking over my shoulder
my behind was covered
with cherry blossoms.

Haiku de inverno
eu não sabia os nomes
das flores — agora
meu jardim já era.
Winter Haiku
I didn't know the names
of the flowers — now
my garden is gone.

Fantasma de minha mãe:
primeira coisa que achei
na sala do estar.
My mother's ghost:
the first thing I found
in the living room.

Estapeei o mosquito
e cadê?
Que me feito a fazer isso?
I slapped the mosquito
and missed.
What made me do that?

17.7.11

haver-me

cartier-bresson

eu sou um velho matusalém
e tenho Alzheimer às avessas:
só vivo o que não mais há
e o haver-se é despercebido

>>columnéticas