Nik Christensen |
Não és os
outros
Não te hás de salvar o que deixaram
Escrito aquilo que teu medo implora;
Não és os outros e te vês agora
Centro do labirinto que tramaram
Teus passos. Não te salva esta agonia
De Jesus ou Sócrates nem o forte
Sidarta de ouro que aceitou a morte
Em um jardim, ao declinar do dia.
Pó é pois também a palavra escrita
Por tua mão ou o verbo pronunciado
Por tua boca. Não há queixa em Fado
E tal é a noite de Deus: infinita.
Tua matéria é o tempo, o incessante
Tempo. És cada solitário instante.