16.1.12

Jorge Luis Borges (ii): "No eres los otros"

Nik Christensen


Não és os outros

Não te hás de salvar o que deixaram
Escrito aquilo que teu medo implora;
Não és os outros e te vês agora
Centro do labirinto que tramaram
Teus passos. Não te salva esta agonia
De Jesus ou Sócrates nem o forte
Sidarta de ouro que aceitou a morte
Em um jardim, ao declinar do dia.
Pó é pois também a palavra escrita
Por tua mão ou o verbo pronunciado
Por tua boca. Não há queixa em Fado
E tal é a noite de Deus: infinita.
Tua matéria é o tempo, o incessante
Tempo. És cada solitário instante.


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No eres los otros

No te habrá de salvar lo que dejaron
Escrito aquellos que tu miedo implora;
No eres los otros y te ves ahora
Centro del laberinto que tramaron
Tus pasos. No te salva la agonía
De Jesús o de Sócrates ni el fuerte
Siddhartha de oro que aceptó la muerte
En un jardín, al declinar el día.
Polvo también es la palabra escrita
Por tu mano o el verbo pronunciado
Por tu boca. No hay lástima en el Hado
Y la noche de Dios es infinita.
Tu materia es el tiempo, el incesante
Tiempo. Eres cada solitario instante.



Borges, Jorge Luis. “La moneda de hierro”. In: ___________. Obras completas (1975-1985). Emecé editores: Buenos Aires. Pág. 158.

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Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo (Buenos Aires24 de agosto de 1899 — Genebra14 de junho de 1986) foi um escritorpoetatradutorcrítico literário e ensaísta argentinoWikipédia

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Um comentário:

  1. um dos autores, que pra mim fala do tempo de uma forma tão próxima ao que eu sinto do tempo... citando uma de suas frases: "O tempo é a substância de que sou feito." que sim, me pego a perceber que sou feita dessa substância sem forma, que formalizamos em um relógio, seja ele de corda, cuco ou digital... dizem, que existe por aí um deus, TEMPO. prefiro, achá-lo na mitologia afro e entendê-lo por mim, como parte de mim, que um dia foi dito: sou filha. filhos de tempo, não sentem a passagem do tempo, mas devido a mecânica do homem sofrem a opressão da espera. espera não feita aos filhos do orixá, espera não típica do orixá, espera absurda para o TEMPO. E lendo sempre e de forma às vezes mais próxima o original, e as traduções do poeta que assina esse blog, percebo que o TEMPO é dele também, de se dedicar a exercício prazeroso de fazer belas traduções. preservando uma musicalidade, que ao ler com as voltas da minha língua levam a acreditar na atemporalidade de Luis Borges.

    (coment originado no face, colado no blog. duplicado, porque gritar ao vento de locais altos, propagamos o eco)

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