Sobre e além de si --- o olho além. Aparenta a presença do que evidencia a mesma natureza daquele que olha naquilo que vê --- OVERLOOK. A palavra é o mirante de onde aquele que é (por se saber sendo?) integra a paisagem. O saber de si que se olha e se sente, se levado às últimas consequências, é o saber do além, do fora-de-mim, da paisagem que constitui tudo que não me é. A consciência de mim é a consciência da minha morada no mundo. Overlook é o esgotamento da visão na pura imanência, é o esgotamento de si no mundo. É olhar pra fora, sair. É ponto de vista, mirada. É pular, deixar, esquecer --- a negligência.
A coisa opaca, a que se reveste de afetação, de linguagem, só pode ser superada, ter seu foco ajustado, na negligência de si, i.e., na transposição de mim em paisagem. Só posso saber do mundo (e dizê-lo já não é sabê-lo) se não sei de mim, se não tenho ideia de mim. A ideia ajusta a coisa ao usufruto da comunicação --- usura da língua. Sua causa opaca serve a uma ideologia --- necessariamente. Isto, comunica, faz rarefeita a coisa genérica. Opaca, sem profundidade de campo, é a coisa de que sabemos: nós mesmos. Quantas ideias temos do que somos? Saber verdadeiramente é não poder dizer nada a respeito do que se sabe. Isto é poder, exercício de existência, habitação --- OVERLOOKING.
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