Passa uma águia diante de mim
e pela primeira vez no universo eu reparo
(sem nem andar por verso algum)
que o que pensava que era o que é
não é nada, nem nunca nada será.
Nas garras da águia a águia agarra
pressionada sua presa e às pressas passa
manchada da cor que lhe tinge as penas.
E a cor que corre colada à sua imagem
não é de fato sua cor que debaixo está.
A cor não tem cor em cima da cor da asa da águia
e seu movimento não se move nunca a não ser na parada
em que o mundo move o movimento em volta de nada.
A águia não é apenas a águia,
é tudo e nada.
É debaixo das tintas outra cor pálida.
E se numa tela eu retrato o seu voar,
bem lá ela estará.
Mas na tela ela é outra, ainda que múltipla;
na tela há um outro céu
e uma outra presa que caçar,
mas lá atrelada à tela a mesma águia que vi voar
sempre voará.
Há uma águia em cada olhar meu pelo mundo afora…
"Há uma águia em cada olhar meu pelo mundo afora"...
ResponderExcluirdesejo cativo
MUITO BOM!