24.3.11

'sobrescrevo sobrescravo': 6 poemas sobre a escritura

confúcio ['nascer/ do sol/ no sol/  nascente'; trad.: márcio-andré]




Eis o lápis,
aquele que corre
contra ou atrás do tempo;
nasce grande
e morre pequeno.

*

O não-dito nunca indica –
dica só de infinito.
Aí o lápis apropria
quem não acalca o bendito,
sumindo indito dia a dia.


*

Escrevo a lápis
pra não dizer tanto.
Mais fica: adianto.

Escrevo a lápis,
já não fica tanto.
Apaga-se o ponto.

*

Corta o lápis o papel,
seguro e firme pra escrever.
Pasmo lasso a saber…

*

Minha vida é papel em branco,
plena de parto espanto.
E se na lida leio o adianto,
o ponto apaga o escombro.

Um comentário:

  1. "O não-dito nunca indica –
    "dica só de infinito.
    Aí o lápis apropria
    quem não acalca o bendito,
    sumindo indito dia a dia".

    (muita musicalidade, e de uma beleza só. O que me prende são as idéias e imagens, como a do último verso. Lindo de mais!!!)

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